Revista Casa&Jardim

Para a casa de 370 m² em Brasília, o arquiteto Rômulo Carvalho levou a descontração do estilo de vida carioca. Criou um projeto sofisticado, de ar industrial, com valorização dos materiais naturais

MARCENARIA TRAZ ACONCHEGO PARA DECORAÇÃO COM ESTILO INDUSTRIAL

De volta a Brasília depois de morar dez anos no Rio de Janeiro, o arquiteto Rômulo Carvalho fez de tudo para levar o despojamento da vida na praia para o projeto de seu novo lar no Distrito Federal. “Usei materiais naturais e simples para ficar bem à vontade”, diz o morador, que adora ter a casa cheia de amigos. “Quando tomei a decisão de deixar o Rio, falei para minha turma de lá que teria bastante espaço para recebê-los aqui”, conta Rômulo. O prazer em acomodá-los está explícito na criação de dois quartos de hóspedes e no amplo living com pé-direito duplo integrado à área externa, como uma enorme varanda. “Fiz a cozinha totalmente aberta para conversar com meus convidados enquanto preparo as massas de pizza e as levo para assar no forno. Gosto de tudo prático. Os utensílios ficam visíveis, fáceis de pegar”, diz o arquiteto que adotou a viga perfil “I” de aço para montar, além das estruturas metálicas e de algumas peças de decoração, como os apoios da bancada da cozinha. “Deixo-a aparente porque gosto desse aspecto industrial”.

O motivo de seu retorno à cidade foi ficar perto de seus pais. Em função disso, Rômulo escolheu o terreno de 3 mil m² em condomínio na região do Lago Sul para construir duas casas iguais de 370 m² cada, uma para ele morar só e a outra para os pais. “Além de reduzir o custo na obra, agora dividimos os serviços em uma relação amigável e consigo deixar minha casa em segurança quando viajo para praticar skate e surfe. Sou apaixonado por esportes”, afirma. Nas viagens pelo Brasil e pelo mundo, ele garimpa muitas das peças que compõem a decoração, como os objetos e as fotos expostos em estantes e paredes. “Gosto de olhar e compartilhar as memórias dos lugares que eu visito.” Entre os móveis, ele destaca seu sonho de consumo: a poltrona Mole original, de jacarandá e couro caramelo restaurado, da década de 1960, que encontrou em um antiquário.

Outro grande achado do arquiteto foi o terreno em região elevada, raridade em Brasília. Para valorizar a vista, fez uma raia na largura da área externa, com bordas infinitas nos quatro lados. “Eu quis a sensação de um espelho d’água onde não fosse possível ver os limites. A água transborda no mesmo nível do deque e do piso do living”, explica Rômulo. Em contraponto aos acabamentos de cimento, ele utilizou a madeira em todos os ambientes. No living, colocou forro de cumaru. “Fiz o inverso nos quartos, com assoalho de tacos. A madeira é a melhor solução para dar aconchego”, diz. No vão de 9 m de largura que une o interior e o exterior, ele criou a marquise que funciona como brise para filtrar os raios de sol enquanto contempla a paisagem de seu espaçoso sofá (ampliado de 2,70 m para 4 m) na sala de estar. “Aqui acomodo muitos amigos e desfruto de claridade e ar fresco constantes”, conclui.