Tragaluz no Casas Brasileiras
Matéria de Claudia Meireles do site de notícias Metrópoles.
Um suspiro longo e o sentimento de paz. Essas são as primeiras sensações ao adentrar a casa Tragaluz, do arquiteto Rômulo Carvalho, que integra arquitetura contemporânea e linhas modernistas com a paisagem do Cerrado como plano de fundo.
O projeto assinado por ele e André Queiroz, ambos do Studio Roque, ganhou destaque na temporada 2020 do programa Casa Brasileira. Exibido pelo Canal GNT, o espaço será apresentado junto à casa Benza Deus no episódio que vai ao ar neste domingo (26/01/2020), às 21h30, e mostra as residências de Brasília.
Os arquitetos surpreenderam o diretor do programa, Alberto Renault, e a roteirista, Baba Vacaro, pela criatividade e ousadia em construir duas casas de dois pavimentos, com 370 m² cada uma, exatamente iguais externamente, mas que seguem propostas completamente diferentes na área interna.
“Eles ficaram muito curiosos para saber como é viver numa casa com essa formatação em Brasília, sendo que a cidade tem a tradição dos grandes vãos. Não parece ser em Brasília.”
As duas construções de linhas simples e retas ocupam o mesmo terreno no Lago Sul. De um lado, a casa Tragaluz, onde vive Rômulo com o companheiro, Gabriel Brito. Do outro, a Benza Deus, onde moram os pais do arquiteto, Mônica Carvalho e Ferindo Silva.
O que une as duas casas é um corredor, e o que as diferencia é o projeto interno. Enquanto uma é compatível com o estilo de vida de Rômulo, com layout jovem, feito para receber amigos, a outra segue o estilo de vida de seus pais, já aposentados, com layout mais formal e elevador ligando os dois andares.
“Quando entram, as pessoas levam um susto, porque da garagem ninguém acha que vai encontrar isso aqui dentro. Depois, levam outro susto, porque acham que é uma coisa grandiosa e talvez, até, pretensiosa. Ao estar aqui e usar a casa, elas entendem que, na verdade, é algo mais simples e usual, com todos os cômodos em conexão”, explica o morador.
A coluna Claudia Meireles conheceu a Tragaluz. Da porta de entrada, se vê o horizonte de Brasília, através da sala de pé direito duplo, como em uma pintura. O conceito aberto integra cozinha, sala, varanda e o Cerrado, ligados pela piscina de borda infinita, parada frequente de passarinhos. “As pessoas gostam daqui. Tem essa coisa dos espaços abertos”, comenta.
“O formato dela é, de fato, o que ela é, com esse pé no modernismo, de linhas retas, forma e função”, diz André. “É um vão livre. Você não tem corredores ou um espaço que não usa, como nos formatos de casa mais colonial”, completa Rômulo.
Projetar a casa onde vive dá ao arquiteto o poder de fazer as próprias escolhas, mas nem sempre é tarefa fácil. “É difícil planejar uma casa para você mesmo quando se é arquiteto. Temos conhecimento do que é bom e funciona, o que dificulta a escolha”, destacou Rômulo.
Apaixonado por conhecer o mundo, Rômulo via a necessidade de ter uma casa segura e sempre habitada. “Eu viajo muito. Tinha uma época que passava 30 dias fora, e somente 10 em casa”, afirma.
Os pais também desejavam viajar mais. Foi, então, que surgiu a ideia de construir as duas casas juntas. “Foi uma questão de cooperação. Quando viajo, eles cuidam da minha casa, e quando eles viajam, eu cuido da deles”, garante.
Apesar da proximidade, Rômulo assegura que há regras de convivência. As paredes bem posicionadas também garantem a privacidade dos moradores. Não dá para dar uma “espiadinha” na casa do vizinho. “Quando queremos interação, abrimos as duas portas do corredor”, finaliza.